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Resenha: "Canções de Ninar de Auschwitz" do Mario Escobar

Resenha por: Pedro Nascimento 
Obra: Canções de Ninar de Auschwitz
Autor: Mario Escobar 
Editora: HarperCollins Brasil
GĂŞnero: Romance/MemĂłrias/Biografia 
Páginas: 224
Ano: 2016
Onde Comprar: Amazon - FĂ­sico ou E-book 
Adicione: Skoob
Nota: ★★★★★
SINOPSE: Neste livro, Mario Escobar conta a trajetĂłria real de uma famĂ­lia que passou 16 meses encarcerada em um campo de concentração nazista. Helene Hannemann era alemĂŁ, mas mesmo assim optou por partir para Auschwitz junto de seu marido e os cinco filhos com ascendĂŞncia cigana quando os policiais da Gestapo bateram Ă  sua porta. Por ser enfermeira, mas, sobretudo, alemĂŁ, Helene foi escolhida pelo mĂ©dico Josef Mengele, mais tarde conhecido como ‘O Anjo da Morte’, para ser a diretora do jardim de infância do campo. No final da guerra, entre os papĂ©is de Mengele, foi encontrado o diário que Helene manteve durante todo o seu perĂ­odo no campo de extermĂ­nio. Tendo como base a infeliz histĂłria daquela famĂ­lia, o autor nos emociona e surpreende ao narrar os medos, privações, torturas e atĂ© mesmo histĂłrias de superação que milhares de pessoas vivenciaram sob o poder dos nazistas.

💣👧👪👮💣

De um passado nĂŁo tĂŁo distante, memĂłrias guardam fatos e relatos de horror a respeito do que foi a rede de campos de concentração e extermĂ­nio Auschwitz, que funcionou durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) no sul da PolĂ´nia. 

Os ambientes que cheiravam a morte, foram construĂ­dos por ordem do alemĂŁo Adolf Hitler para receber judeus, poloneses e ciganos que eram presos por toda a Europa - que cada vez mais ia sendo dominada pelas tropas nazistas. O complexo de extermĂ­nio, que esteve em atividade entre maio de 1940 e janeiro de 1945, era composto por vários campos, dentre eles o Auschwitz I (Stammlager, campo principal e centro administrativo do complexo); Auschwitz II–Birkenau (campo de extermĂ­nio), Auschwitz III–Monowitz, e mais 45 campos satĂ©lites. 

E foi exatamente no campo Auschwitz II–Birkenau que uma das prisioneiras teve a garra e chance de salvar vidas e dar um pouco de esperança e humanidade pra si mesma e para todos aqueles que aguardavam pelo Ăşltimo suspiro, pelo momento em que definitivamente suas vozes seriam silenciadas. 


Helene Hannemann era uma alemĂŁ que vivia em Berlim. Tinha uma vida "tranquila" em meio ao caos que dominava o paĂ­s em 1943. Era casada com violinista e cigano Johann e com ele teve cinco filhos: Adalia, Otis, Blaz e os gĂŞmeos Emily e Ernest. Mesmo enfrentando o preconceito de ser casada com um cigano, Helene seguia sua vida trabalhando como enfermeira. 

"Eu sempre quis acreditar que, algum dia, todo mundo perceberia o que representa Hitler e seus amigos. Porém, não foi isso o que aconteceu. Todos seguiram sua loucura fanática, transformando nosso mundo em um inferno de guerra e fome."

Por motivos econĂ´micos, religiosos e outros que atĂ© hoje dividem historiadores, os ciganos, tambĂ©m conhecidos como zĂ­ngaros, passaram a ser procurados e internados por nazistas em campos de concentração. Cada vez mais o medo tomava conta das famĂ­lias ciganas e a de Helene nĂŁo escapou. O que ela tanto temia, aconteceu. 



Em maio de 1943 quando saĂ­a para trabalhar e levar os filhos para o colĂ©gio, Helene foi surpreendida por policiais em sua residĂŞncia. Eles levariam presos seu marido Johann e os cinco filhos - por terem sangue cigano. Por causa de sua "raça ariana", Helene nĂŁo precisava ir, mas decidida a nĂŁo abandonar sua famĂ­lia, ela arrumou os poucos pertences e juntos foram ao encontro da morte. 

"Em Auschwitz, não era muito fácil pensar com clareza. Os sentimentos pareciam anestesiados e, ao mesmo tempo, o ambiente era asfixiante, impedindo que enxergássemos as coisas com perspectiva."

No percurso, Helene, Johann e os filhos tiveram que dividir um vagĂŁo de trem lotado com mais de 100 pessoas passando fome, sede e calor. Muitos nĂŁo aguentaram e morreram antes mesmo de chegar em Auschwitz. A situação era caĂłtica e esse era apenas o inĂ­cio de uma longa e deprimente jornada no campo de extermĂ­nio. 



Chegando ao destino final, Helene e os filhos sĂŁo separados de Johann, que Ă© levado para outro campo prĂłximo ao deles para trabalhar de forma escrava. Enfim, ela chegava ao Auschwitz-Bikernau, conhecido como Auschwitz II. As condições dos barracões do campo eram deploráveis. Os recintos cheiravam mal, eram completamente sujos e muitos dormiam no chĂŁo por causa da lotação, inclusive crianças. Todos viviam de forma desumana. 

Nos primeiros dias, Helene e os filhos passaram por diversas situações.  


Com a mudança e por ter o sangue alemĂŁo, Helene teve a oportunidade de colaborar como enfermeira no hospital de Auschwitz. Devido as pĂ©ssimas condições dos barracões, muitos prisioneiros ficavam doentes, principalmente as crianças. A mortalidade infantil era grande e por diversas causas - fome, sede, calor, frio e doenças contagiosas ou nĂŁo. 

Foi no hospital que Helene conheceu o mĂ©dico Josef Mengele, conhecido com o "Anjo da Morte". Ele enxergou na jovem mulher um grande potencial e resolveu montar uma creche no campo de extermĂ­nio.  


O que ela nĂŁo imaginava era que Mengele tinha interesses obscuros por trás de tanta bondade em educar e dar uma qualidade de vida para essas crianças indefesas. 

Em meio aos obstáculos, dores e lágrimas, Helene Hannemann deixou seu legado e demonstrou ser dona de uma bravura inimaginável diante de tanta desgraça. Sua esperança de viver e sua bravura foram marcas registradas em sua estadia no campo de extermĂ­nio. 

Helene foi o farol que guiou e iluminou a vida de muitas crianças e adultos que já nĂŁo tinham mais perspectiva de vida, que já se entregaram Ă  morte assim que chegaram ao campo, que apenas estavam existindo e nĂŁo mais vivendo. Seu amor incondicional e sua valentia, fizeram dela uma guerreira e tudo isso ficou marcado na histĂłria de um dos mais horrendos acontecimentos da trajetĂłria de vida da humanidade. 

"NĂŁo existia amor em Auschwitz e, quando algo conseguia nascer entre a podridĂŁo infecta de suas ruas, logo murchava, destruĂ­do pelo Ăłdio perene do campo."



No decorrer da narrativa, o historiador Mario Escobar choca o leitor com uma escrita nua e crua. Com a realidade que foi a vida de Helene, Johann, os cinco filhos e as milhões de pessoas que tiveram suas vidas ceifadas no holocausto, causado pelos nazistas. 

Paralelo a narração da histĂłria de Helene e sua famĂ­lia, conhecemos outros personagens que marcaram bastante a histĂłria de Auschwitz como, por exemplos a Irma Grese, conhecida como uma das nazistas mais cruĂ©is de todos os tempos graças a seu comportamento sádico e desumano. Conhecemos mais sobre o mĂ©dico e oficial nazista Josef Mengele, a pintora Dinah Babbitt, dentre outras pessoas que deixaram sua marca na histĂłria desse lugar que por muitos foi considerado o inferno na Terra. 

Segundo relatado pelo autor na obra, toda a histĂłria de Helene, da creche e outros fatos narrados ao longo do romance espanhol, sĂŁo verdadeiros. A narrativa foi construĂ­da em cima dos relatos já tĂŁo contados ao longo dos anos, misturado com os relatos encontrados no diário de Helene, que foi achado entre os papĂ©is do Mengele. 


Ao longo da leitura, o clima é tão intenso que tudo é quase palpável. O leitor é fisgado pela história. Toda a escrita é muito fluida e instigante do início ao fim. Além da narrativa, talvez essas características sejam elementos que juntos tornaram "Canções de Ninar de Auschwitz" um best-seller, sendo publicado em 11 países.

No Brasil, o romance foi traduzido por Rodrigo Peixoto e publicado atravĂ©s da HarperCollins, contendo 224 páginas de uma histĂłria de muita coragem e horror. A capa Ă© bonita, a fonte tem um tamanho agradável, as páginas sĂŁo amareladas e a edição possui orelhas. Um trabalho impecável!


"As ideologias nunca afogam completamente os sentimentos e as emoções."

📚Boa leitura, pessoal!📚

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